COMO RECONHECER A DOR EM CÃES E GATOS?



          Na grande maioria das vezes (exceção às crianças muito pequenas e pessoas com dificuldade no raciocínio e verbalização p. ex.), a dor no homem pode ser identificada, localizada e mensuração com alguma facilidade. E mesmo assim, em algumas situações isso pode ser difícil!!!!
Nos animais isso pode ser mais complicado, mas não impossível. Existem muitas ferramentas para identificar e mensurar a dor também nos animais, mas com certeza a mudança de comportamento é o mais importante sinal de que algo relacionado à dor pode estar ocorrendo.
A dor deve ser sempre avaliada pelo médico veterinário quando o tutor procura pelos seus serviços. E lógico, sempre deve ser considerada em qualquer tipo de trauma, câncer e procedimentos cirúrgicos. É realmente um grande problema e, até um fator antiético, quando um colega não considera a possibilidade de dor nestas situações!!!

Cão submetido à cirurgia sem o controle de dor pós operatório adequado. Nota-se que está sentado e não consegue se deitar. Sem interesse pelo ambiente mesmo com a porta da gaiola aberta. Respiração ofegante e de boca entreaberta.

A boa notícia é que após a analgesia adequada o animal conseguiu deitar e ficar confortável. Logo após interagiu melhor com o ambiente. 
Fonte: http://veterinarymedicine.dvm360.com

Várias escalas estão disponíveis para a avaliação da dor aguda e crônica em animais, como a escala numérica, a analógica (medicina humana) e algumas específicas da veterinária. Felizmente, a veterinária está se iniciando na ”arte” de identificar, mensurar e tratar a dor em animais de forma adequada.
A identificação e intensidade de dor baseada em escalas e questionários é um método subjetivo, que pode ser baseado em comportamento e alterações de parâmetros vitais como pulso/respiração/temperatura (PRT), como a Escala de dor do Colorado que usa escore (pontuação) de 0 a 4 para identificar a dor no animal (quadro 1), sendo que escores de 2 a 4 devem ser tratados imediatamente com analgésicos e reavaliados regularmente.   
Embora os animais não possam verbalizar a sua dor, a observação cuidadosa do tutor e veterinário poderão detectar tal sinal. Diminuição/falta de apetite, dificuldade em defecar/urinar, diminuição ou dificuldade de andar, dificuldade em saltar (em gatos), diminuição ou ausência da vontade de brincar, dificuldade em dormir e alteração de comportamento social são algumas das alterações que podem ser percebidas em um animal com suspeita de dor.  


FIQUE DE OLHO NESSAS MANIFESTAÇÕES!!!!!!!!



        Assim, a dor deverá ser considerada em muitas doenças e em procedimentos veterinários, minimizando e tratando-a de forma adequada. A intensidade da dor pode variar em um mesmo paciente conforme alguns fatores, como características comportamentais da espécie/raça/idade, procedimentos veterinários realizados, classes analgésicas utilizadas e posologia empregada, devendo ser mensurada em curtos períodos de tempo quando o paciente animal estiver hospitalizado. 

Quadro 1. ESCALA DE DOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO COLORADO



ESCORE 0
Ausência de dor. O paciente está alegre, age normalmente, move-se confortavelmente, tem apetite normal e (se aplicável) não se incomoda com o local da cirurgia. PRT é normal.


ESCORE 1
Dor leve presente. Pode-se observar claudicação (mancar), dificuldade em andar ou subir escadas. Pode ocorrer um leve aumento no PRT.
O animal está comendo, abanando a cauda (cão) ou ronronando (gato) e não está deprimido.



ESCORE 2
Dor moderada presente. O animal demonstra sensibilidade e pode lamber ou morder o local da cirurgia ou outro tipo de lesão.
O animal pode vocalizar, recusar alimento e parecer deprimido. A respiração pode estar lenta e superficial.



ESCORE 3
Dor intensa presente. Os sinais incluem depressão, relutância ao movimento e sensibilidade no local da cirurgia ou outro tipo de lesão.
O animal está sem apetite e pode vocalizar. Não consegue dormir, embora fique deitado.



ESCORE 4
Dor que causa respiração ofegante. O animal mostra todos os sinais descritos com um escore de dor de 3, além de ofegação intermitente, aumento de PRT - mesmo em repouso - vocalização constante, depressão profunda, pupilas dilatadas, agressividade e às vezes respiração profunda e lenta.
Fonte:www.healthypets.mercola.com
 
Após a avaliação da dor pelo veterinário, pode-se adotar várias terapias farmacológicas e não farmacológicas, associadas ou não. Dentre as terapias farmacológicas podemos citar o emprego dos anti-inflamatórios não esteroidas, opioides, anticonvulsivantes, antidepressivos e anestésicos locais. Já na terapia não farmacológica, o emprego da fisioterapia, acupuntura, laser, ondas de choque e massagem terapêutica são algumas das opções a serem adotadas para o sucesso do tratamento analgésico.
É importante frisar que o tutor deve atentar às pequenas alterações de comportamento do seu animal, pois podem estar relacionadas à dor. E o veterinário deve sempre verificar se não há sinal de dor durante a avaliação clínica do paciente, além de prevenir e tratar adequadamente a dor decorrente de doenças e procedimentos clínicos e cirúrgicos.  Lembre-se, ninguém é feliz com dor. O seu animal também não.



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